
Traçar uma rota pela qual pretendemos passar ao longo do projeto do Pandora on the Road é um trabalho muito difícil e que depende de muitas variáveis: clima, tempo, países em conflito, quantas vezes precisamos enviar o carro de navio, se vamos conseguir alcançar as metas de gastos programadas. Enfim, temos bem claro que o roteiro planejado vai ser pensado e repensado várias vezes ao longo dos meses, se adequando às nossas expectativas e à realidade atual dos países.
A data de partida está condicionada ao término do processo de transformação da land em casa-nômade. Com a Pandora ficando pronta nos primeiros dias de maio, a idéia é fazer uma mini-trip pelo Brasil, saindo de Porto Alegre, passando por Floripa, chegando em São Paulo pra visitar família e amigos e estender a visita a grandes amigos nossos no Rio de Janeiro e Cabo Frio. Essa pré-viagem por aqui também tem o intuito de testar o carro, verificar se as engrenagens ou o motor necessitam de algum reparo e se os armários e outros ítens internos, como inversor, conversor e a geladeira estão funcionando como deveriam.
Se tudo seguir conforme planejado, início de julho embarcamos o carro no navio (o porto de embarque ainda não foi definido entre Montevidéu ou São Paulo, mas isso é assunto pra outro post) rumo ao porto de Antuérpia ou Rotterdam. Chegando na primeira semana de Agosto, ainda no verão Europeu, podemos seguir caminho por Noruega, Suécia e Finlândia, até o ponto mais ao Norte dos países nórdicos. Sempre tivemos em mente a questão do frio intenso do hemisfério Norte, com temperaturas que chegam a menos 30, considerando que dormimos no carro ou na barraca. Essa preocupação acabou pautando a escolha de algumas rotas em determinadas épocas, pensando em fugir do frio congelante, sempre que possível.
A decisão de iniciar pela Europa e depois Ásia se baseou no fato de que, por termos um orçamento limitado, melhor conhecer os lugares mais distantes antes. Não só isso, mas que também temos imensa vontade de conhecer. Daí se nosso orçamento não suportar toda a viagem como planejado, tiramos da rota os países da América do Sul, por exemplo, pelo fato de que já conhecemos todos eles e também pela facilidade de visitá-los no futuro, já que ficam bem pertinho do Brasil, e que qualquer carro “normal” basta nessa viagem.
Outro ponto extremamente importante e que deve ser considerado é a segurança para atravessar alguns países de carro. Muitos países entram em conflito e outros se tornam novamente acessíveis num curto espaço de tempo, por isso, constantemente precisamos buscar informações confiáveis sobre a situação geo-política e de conflitos nos destinos que pretendemos visitar. O continente Africano é conhecido pelas guerras civis por disputas religiosas e étnicas, por exemplo, sendo que somente mais próximo da data que planejamos visitá-lo é que se pode ter a real noção de quais países entrarão ou não no roteiro africano. E num momento atual de extrema tensão política e aumento de ataques terroristas em várias cidades e capitais do mundo, não é só a África que pode representar perigo ao ser visitada.
Além de tudo isso, existe também a questão da flexibilidade e liberdade nessa viagem das quais não abrimos mão. Sempre falamos da possibilidade de querermos morar um, dois ou três meses em algum lugar pelo qual nos apaixonássemos. Imagina estar em algum lugar incrível e paradisíaco e “ter que ir embora” porque devemos estar em tal lugar no dia seguinte. Fora de cogitação! O roteiro foi traçado e existe para nos nortear em relação aos países e lugares que queremos visitar, levando em conta todos os aspectos que colocamos acima como temperaturas extremas e segurança, mas é a nossa vontade e oportunidades que vão nos guiar ao longo dos dias. Não é co mo se o roteiro fosse uma planilha de Excel, com todos os dias e horários planejados.