Os Passageiros

Pandora on the road
Waynapicchu, Vista unica para o santuário de Machu Picchu

Eduardo Brancalion – Edu

Nasci em Santo André, grande ABC paulista. Estudei no colégio Mackenzie e ingressei na Faculdade de Jornalismo na Anhembi Morumbi. Aos 21 anos me mudei de mala e cuia, como falam os gaúchos, pra Porto Alegre, onde moro há 12 anos. Terminei o curso e Jornalismo na Ulbra/Canoas. Conheci a Rafa numa dessas  “loucas noites de verão” em Capão da Canoa-RS e mal sabia eu que uma das primeiras gaúchas que esbarraram no meu caminho seria a mulher da minha vida, e agora minha maior parceira de aventuras. Segui um caminho distante do jornalismo e enveredei para os lados do Comércio e Administração de Empresas. Estudei curso de liderança  na escola Perestroika,  escola de Atividades Criativas. Sou mergulhador, curioso, alpinista, trilheiro e apaixonado pela natureza. Cozinheiro amador e um eterno aprendiz. Apaixonado por fotografia, acho incrível poder eternizar os momentos mais indescritíveis e as paisagens mais deslumbrantes que tenho a sorte de vivenciar e ver nesse mundão. 

Pandora on the road
Moscou, Praça Vermelha, 2015.

 

Rafaela Vellinho – Rafa

Uma guria de Porto Alegre, com uma queda por paulistas (por um, especificamente). Autêntica indecisa, formada em Administração de Empresas pela UFRGS, ainda estou aprendendo a administrar meu próprio dinheiro. Geminiana de carteirinha, sou um ser meio camaleão e me adapto com facilidade em qualquer ambiente. De analista em multinacional, caí nas garras do serviço público, atraída pela tão sonhada estabilidade – e também pela perspectiva de mais liberdade e menos noites sem dormir. Ocupei o cargo de Oficial de Justiça por 5 anos, período em que vivenciei incontáveis aventuras, com a missão de levar a Justiça aos lugares mais distantes. Sou uma “careta em transição”, afinal, me casei com um aventureiro e sonhador de berço, que nos últimos 12 anos me mostrou que o mundo é enorme, e as possibilidades, infinitas. Ao decidir largar o cargo público, e junto com ele um bom salário, garantido todo mês, quase levei minha mãe a um infarto, mas botei a culpa no Eduardo! A idéia de percorrer mais de 100 países, e conhecer toda essa diversidade de cultura, línguas, povos, costumes, cheiros, é o que me motiva, mas também o que me estarrece de tanto medo. Quem me conhece sabe que adoro contar histórias, e com todo o repertório que vem pela frente, sentem e aguardem!!

Pandora on the road
Trinidade, Cuba, 2013.

Uma pequena introdução ao mundo das viagens…

A vontade de escrever um blog ficou adormecida em mim por muitos anos. Sempre fui um contador de histórias no meu grupo de amigos. Adoro ouvi-las também. Desde pequeno sou muito curioso e desbravador, mas minha infância é limitada à casa de praia dos meus pais em Guaratuba-SP e Marília , interior de São Paulo. E ao meu escondrijo no armário (portal invisível), no apartamento onde nasci, em Santo André. Na minha adolescência comecei a fazer viagens que abriram minhas percepções para o mundo. A primeira grande viagem que me transformou: fui de carro com um dos meus melhores amigos, Rafael, seu pai, Pedro e seu tio, Eldo de São Paulo ao Ceará. Meus primeiros 2.640 Km. Eu tinha 15 anos. Dormimos em hotéis na beira da estrada com os luminosos barulhentos que soltavam faíscas que atrapalham o sono dos mais velhos,  mas para nós, aventureiros de primeira viagem, tudo era divertido e novo. Dormimos em Teófilo Otoni-MG , passamos por Feira de Santana- BA e finalmente chegamos ao nosso destino: Várzea Alegre-CE . Morei nessa pequena cidade do interior cearense por um mês. Pela primeira vez conheci de verdade o Brasil e os sertanejos, senti o ar seco da Caatinga em meio aos espinhos tortuosos dos mandacarus, ouvi um português muito diferente do meu e comi queijo frito de cabra na casa da vó do Rafa até passar mal. Tomei meu primeiro porre de pinga. Entre açudes e picadas de abelhas, descobri que o mundo era muito maior que a minha realidade.

Em seguida, visitamos o Parque Estadual do Alto da Ribeira , conhecido por mim apenas por Petar : uma região com cavernas enormes, na Divisa de SP / PR. Abriga a maior porção da mata atlântica preservada no Brasil e embaixo de sua terra se escondem mais de 300 cavernas, sendo a mais famosa a Caverna do Diabo. E me conectei com uma natureza de verdade pela primeira vez. Amor incondicional até hoje. Depois conheci a beleza do Cerrado, em Alto paraíso-Goiás, lugares únicos, repletos de cachoeiras e paisagens lunares. A Serra do Cipó , um reduto verdejante perto de Belo Horizonte. Senti a brisa relaxante de Fortaleza com meus amigos Tiago e Daniel;  São Tomé das Letras – MG com vários amigos; Alfenas numa micareta. Itacaré na Bahia , Farol de Santa Marta-SC, Florianópolis. ” Que tempo bom que não volta nunca mais”,  parafraseando Thaíde e DJ 1. Era tudo natural, não planejava muita coisa, pegava carona nas oportunidades que apareciam.

Meu ponto de virada foi minha primeira viagem internacional. Sempre amei História e Geografia na época de estudante. Eram as únicas matérias que me inspiravam. Numa aula o professor ensinou um pouco sobre os Incas, povo que constituiu uma grande civilização por vários territórios da América do Sul. Me interessei na hora. E descobri que no Perú eu poderia ter contato com essa cultura. Meu pai me ajudou com milhas e convenci o Rafael a ir junto. Isso foi em 2000.

Não planejamos absolutamente nada. Nosso encontro seria em Miraflores , Lima. No Hostel, apos um dia na cidade decidimos ir a Cusco de ônibus.  Na capital do império Inca, conhecemos Sacsayhuaman , um sítio arqueológico localizado no norte da praça principal de Cusco. Conhecemos um Xamã que nos mostrou o poder daquele local. Naquela época, Cusco já era um dos lugares mais visitados da América do Sul, e reservamos a trilha para o caminho Inca em Cusco mesmo. Hoje em dia é melhor reservar com certa antecedência o caminho clássico, que dura 4 dias.  Mas também tenho amigos que fizeram a trilha Salkantay, que chega a 4.600 metros de altitude.  Eles me relataram que é bem difícil e congelante, mas proporciona  vistas estonteantes e não precisa reservar antes. O nível de dificuldade é bem maior também. Em Cusco diversas agências te levam nas duas trilhas. Nessa viagem convivi com línguas incompreensíveis para mim na época como o espanhol (hoje eu aprendi) e o quíchua , uma família de línguas indígenas da América do sul. Provei uma bebida alcoólica local, a tradicional chicha  que é feita de raiz de mandioca ou de milho. É produzida de maneira artesanal nos Andes e cada zona tem sua forma de preparar a bebida. Comi ceviches e naquela época o Peru ainda não era um polo gastronômico como hoje, mas toda essa experiência me mostrou um caminho: quero viajar e conhecer o mundo todo. Sentir sabores desconhecidos; apreender sobre diversas culturas; respeitar a diversidade desse mundo enorme. Sempre tenho o pensamento que em bilhões de planetas, fomos presenteados em nascer na Terra. Essa viagem despertou minha curiosidade perante o mundo, abriu os meus olhos pela primeira vez. Mundão sem fronteira: quero viver por você.

Por Eduardo Brancalion.

 

Algumas Fotos de viagens antigas:

Pandora on the road
Bloubergstrand, Cidade do Cabo, África do Sul, vista para a Table Montain. 2015

 

Pandora on the road
Bilbao com o Museu Guggenheim ao fundo. Uma espaçonave futurística, construída por humanos, rs. 2016
Pandora on the road
Vulcão Licancabur, Chile, 2009
Pandora on the road
Rafa em Cuba em boa cia apreciando um charuto, 2013
Pandora on the road
Aigüestortes i Estany of Saint Maurici National Park, Catalunha 2016
Pandora on the road
Eu e meu irmão, Rafael Fragoso Correia apos uma recém avalanche, na Região do Annapurna, Nepal, 2007
Pandora on the road
Rafa tentando se equilibrar no camelo na Capadócia. 2011
Pandora on the road
Boulders Beach, Africa do sul. 2015