Moscou e ascensão ao cume mais alto da Europa

Moscou/ Escalada Elbrus

A grande Rússia, incrível Moscou e a Escalada ao Monte Elbrus 

 

Pandora on the road

Praça Vermelha Moscou

Ao chegar na cidade de Moscou, peguei um trem do Aeroporto Domodedovo até a Estação de metrô. Deixei minhas coisas no Hostel (Safari Hostel, era bem localizado e limpo, indico), que ficava perto do Teatro Bolshoi, e saí com minha câmera pronto pra explorar Moscou por algumas horas. Como era uma terça-feira, fui direto pra Praça Vermelha, local mais turístico da cidade, tentando com isso fugir das hordas de turistas que invadem esses locais nos finais de semana. A praça, velha conhecida dos amantes de História, fica ao lado do Kremlin (fortaleza com mais de 5 palácios, que abriga a residência oficial do presidente da Federação Russa e que vale o passeio de um dia inteiro!). Foi nessa praça que Stalin, mesmo com Moscou sitiada e à beira da destruição, ordenou que o tradicional desfile militar ocorresse normalmente, tirando as tropas do front, tentando iludir a sofrida população moscovita da época de que tudo estava bem. Ela separa a cidade real do bairro histórico de Kitay-Gorod, e é ali que fica também a belíssima igreja de São Basílico, com uma arquitetura ortodoxa russa e erguida de 1551 há 1561 (quase a idade do descobrimento do Brasil). Muito colorida e esplendorosa, com certeza vale a visita. Para confirmar seu peso histórico, a praça ainda abriga o mausoléu de Vladimir Ilitch Lenin, onde fica então exposto o corpo de um dos maiores líderes soviéticos e fundador da União das Republicas Socialistas Soviéticas.

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Praça Vermelha

Nesse dia apenas andei, tirei fotos e observei a grandiosidade dessa Praça, e agradeci por estar ali. Aproveitei que o sol se pôs perto das 21:30 da noite.  Jantei num restaurante com uma decoração toda detalhada e uma comida local divina e fui dormir cedo. No dia seguinte iria voar de manhã de Moscou/Domodedovo para MineralnyeVody (água mineral em russo), o aeroporto mais perto do monte Elbrus. Hora de começar a aventura!

Após muita pesquisa e de quase ter desistido pelos preços abusivos praticados por agências, em sua maioria americanas, canadenses ou britânicas e graças ao Tripadvisor achei uma agência russa que fazia toda a logística da escalada para o Elbrus, a Pilgrim Tours. Além dos ótimos preços, me surpreendi com o profissionalismo impecável deles; a logística foi perfeita e eu só tenho a agradecer. Em resumo, mais do que indicado! (O site deles para quem quiser: http://www.pilgrim-tours.com/ e o e-mail, em que me comuniquei em inglês: elbrus.pilgrim.tours@gmail.com).

No horário combinado, o guia Yuri estava me aguardando, e foi só a Marjore (outra integrante do grupo, jovem enfermeira que iria escalar sua 1ª grande montanha) chegar, que saímos em direção a Terskol, um pequeno vilarejo que no inverno tem uma estação de esqui bem famosa (não é em todo lugar da Europa que você pode esquiar nos pés da maior montanha do continente…). Nos quase 180 km que separavam Terskol do nosso destino, não foi possível avistar a Cordilheira do Cáucaso, berço do Monte Elbrus. De tarde fui fazer umas trilhas e pela primeira vez o avistei de longe, na forma de duas montanhas gêmeas, intrigante e desafiador.

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Monte Elbrus

À noite no jantar conheci o restante do meu grupo e, no dia seguinte, fizemos uma caminhada para se aclimatar, até a montanha Cheget, de 3450 metros de altura, que ficava bem próxima da pousada. Nos deslumbramos com uma vista inesquecível do Elbrus e de toda a Cordilheira do Cáucaso até a Geórgia -que nessa região faz fronteira com a Rússia. Mais tarde, alguns alugaram equipamentos que faltavam no vilarejo. No dia seguinte fomos de ônibus até os pés da montanha, onde um teleférico nos levou quase até o acampamento base. Diferente de outras escaladas que eu fiz em alta montanha, no Elbrus se parte para o cume direto do acampamento base (um contêiner antigo com beliches). No Kilimanjaro (Tanzânia) e no Huayna Potosi (Bolívia), por exemplo, a caminhada é feita gradualmente e se acampa em pontos diferentes da montanha, à medida que você sobe a trilha.

No dia seguinte, fizemos uma caminhada de cerca de 3 horas até Barrels Huts, local na trilha a 3800 de altura. Começou a chover muito e relampejar, por isso tivemos que voltar bem rápido. Inclusive, teve gente que sentiu a descarga elétrica que caiu bem próximo de nós.

Terceiro dia. Haveria mais uma caminhada de aclimatação (isso tudo para tentar evitar ao máximo o mal da montanha). Todavia, o Yuri, nosso guia, avisou que essa tempestade que pegamos descendo a montanha possibilitaria uma janela de tempo aberta para chegar ao cume. Assim, pulamos um dia e à meia noite deveríamos estar prontos pra escalada final. Como minha ansiedade sobe a níveis incontroláveis nesse momento, enquanto todos usaram esse tempo para dormir e descansar, fiquei “fritando” com meus pensamentos”. De olhos fechados, tentava me acalmar, porque sabia que deveria descansar antes de uma subida tão desgastante, mas nessas horas é quase impossível segurar a adrenalina.

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Caminhada Elbrus

A noite estava perfeita, podia se avistar a Via Láctea, sem nenhuma nuvem no céu. Realmente a tempestade parece que abriu caminho para nossa expedição. Eu estava muito bem fisicamente e psicologicamente. Yuri acordou a todos e eu já pulei da cama, já desperto a horas. A recomendação foi de que pegássemos um trator que nos levaria Barrel Huts, que já estava a 3800 m. Eu, sinceramente, não gostei muito da ideia de começar a trilha carregado por um trator de neve (parecia que era “trapacear” a montanha…), mas como praticamente todos do grupo toparam, acabei cedendo. Apenas 2 de todo o grupo – que tinha 14 pessoas no total – quiseram ir caminhando essas cerca de 3 horas extras.

O frio beirava os 5 graus negativos quando começamos a caminhar. O nosso grupo tinha uma sinergia incrível e parecia que todos nós estávamos no mesmo ritmo. Íamos deixando outros grupos para trás (passamos por um grupo de chineses e um de turcos).

Após duas horas de caminhada, a Marjore, a holandesa, começou a passar muito mal e vomitou bastante. Para a surpresa de todos ela quis continuar, Yuri permitiu e todos seguimos em passos fortes para o ponto mais alto da Europa. A subida final com quase 75 graus de inclinação, exige extrema atenção, pois qualquer descuido pode ser fatal. Foram cerca de 11 horas de caminhada, com pequenas pausas para se hidratar e comer alguma coisa (levei castanhas por fornecerem energia rápida). E às 6 da manhã, quase ao nascer do sol, cheguei no topo da Europa: o Monte Elbrus, no auge de seus 5862 metros.

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Cume Elbrus. 5.642 metros

A sensação de estar lá em cima e poder enxergar desde as montanhas da Geórgia ate os pastos do sul da Rússia me deixaram boquiaberto. Todo cume de montanha é uma vitória. A vista indescritível e o silêncio que ecoa fazem todo o suor derramado valer a pena. Atingir o cume é um momento de explosão de felicidade, mas como diz um ditado budista: O que importa não é a chegada, e sim todo o caminho. Eu tenho uma vontade absurda de ficar horas no cume, apenas observando, fotografando, esqueço do frio, meu corpo se enche de uma energia vital, é uma sensação surreal. Mas tem a altitude o frio extremo, normalmente não se fica muito tempo em cima de uma alta montanha ainda mais tendo pouco tempo de aclimatação. Todos nos abraçamos cada um sabe da dificuldade que teve para chegar ali em cima, apesar do alpinismo ser um esporte individual, a verdade conquista é repartir as vitorias com os outros. Lentamente comecei a me despedir daquela vista icônica que parecia ter saído de um mundo onírico. Confesso que não queria descer, aconteceu o mesmo no Kilimanjaro, mais minhas mãos estavam congelando. Fui obrigado a descer, mas muito agradecido ao Monte Elbrus por permitir que eu pisasse em seu cume.
A descida foi em êxtase para mim, não estava nada cansado e pode deslumbrar toda a beleza da cordilheira do Cáucaso, o tempo estava perfeito, andava e tirava fotos e me hidratava queria que aquele momento na montanha fosse eterno, acho que isso poderia ser a definição de felicidade, quando você quer permanecer por esse momento para sempre.  Quando chegamos no ponto de encontro, muitos dos meus colegas estavam acabados e precisando urgente de repouso, eu quis permanecer mais tempo na montanha e não quis descer de trator de neve as duas, três horas que me pouparia ate o acampamento. Fui descendo muito devagar, minhas energias estavam esgotadas, mas valeu cada segundo. Todo hora parava para contemplar os dois cumes gêmeos do Monte Elbrus.

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Cordilheira do Cáucaso

Nem dormimos no acampamento base e como ganhamos um dia, todo mundo decidiu voltar para o hotel em Telskoi eu preferia ficar na montanha me recuperando, mas era minoria. Arruamos nossas coisas e começamos a descer, para mim era surreal ter que andar mais, após 11 horas andando. E o pior descemos de carona com um caminhão da época do Stalin, era um modelo soviético muito velho com certeza com mais de 40 anos de uso. O problema foi minha localização no caminhão como ajudei todos a colocarem suas malas, para mim sobrou apenas um local: estar espremido com o lixo orgânico do acampamento. A vista linda destoava com meu cansaço e o cheiro podre do material orgânico no meu nariz, tive que rir para não ficar reclamando, não tinha outra opção.
Chegando na pousada com a ajuda da Pilgrim tours tentei mudar minha passagem de volta, pois ainda tinha três dias que eu tinha deixado de propósito para tentar escalar o Elbrus caso precisasse de uns dias  a mais. Não consegui alterar mesmo com a ajuda deles falando em Russo com a Cia Aérea, fui obrigado a comprar outra passagem para Moscou, queria ter mais tempo para explorar a cidade.

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Catedral do Cristo Salvador, Moscou

Moscou me surpreendeu muito em todos os sentidos. Normalmente eu faço alguma pesquisa sobre o local que eu vou visitar, mas não me aprofundo muito, gosto de me surpreender e de não criar muita expectativa. Quando eu cheguei era o auge do verão europeu e Moscou me encantou desde o primeiro minuto. Uma cidade pulsante, limpa e organizada. Pelo fato de ser verão estavam todos os moscovitas ocupando a cidade, o tempo todo. Dois terços da minha vida morei em São Paulo, uma cidade que somente descobri o real tamanho depois que fui morar em Porto Alegre: São Paulo é monstruosamente grande e Moscou e outro cidade colossal do outro lado do Mundo. Entrementes, Moscou é a maior megacidade mais ao norte na Terra, a segunda cidade mais populosa da Europa, atrás de Istambul. O metrô de Moscou inaugurado por Stalin em 1935 é conhecido como palácio Subterrâneo e andando pelas estações Mayakovskaya(Маяковская) e  Komsomolskaya (Комсомо́льская)  é fácil entender o apelido. O metro de Moscou tem 203 estações, distribuídas por 12 linhas através de 339 km (sexto mais extenso do mundo). As principais estações têm wifi Gratis. Eu separei um dia para andar em todas as estações famosas, minhas 5 favoritas foram:

Kiyevskaya

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Kiyevskaya

Esta estação de mármore branco está repleta de elaboradas obras de arte, afrescos e mosaicos retratando a vida na Ucrânia. A construção da estacao Kiyevskaya parece a entrada de um palácio e foi uma homenagem a contribuição ucraniana para a criação da Rússia Soviética. Kiyevskaya está localizado na Linha Arbatsko-Pokrovskaya

Ploschad Revolyutsii:

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ploshchad-revolyutsii

Esta impressionante estação, inaugurada em 1938 por Stalin, conta com nada menos que 76 esplendorosas estátuas de bronze de soldados, camponeses, estudantes, trabalhadores e toda uma série de outros personagens que ajudaram a “defender a nação soviética”. Uma das estátuas, um cão, conhecido por trazer boa sorte para aqueles que esfregar o seu nariz. Ploschad Revolyutsii está no centro da Linha Arbatsko-Pokrovskaya e é a melhor parada para visitar a Praça Vermelha.

Mayakovskyaya:

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Makakoskaya Station

È uma estação inaugurada em 1938 toda de mármore branco em homenagem ao famoso poeta russo, Vladimir Mayakovsky. È considerada a estação mais bela de Moscou. Em cima do seu teto tem 34 mosaicos retratando um futuro idealizado pelos soviéticos. E uma estação bem funda mais de 33 metros abaixo da superfície. Na segunda guerra foi usada como abrigo antibomba.

Prospekt Mira

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Prospekt Mira

Localizado ao norte do centro de Moscou na Linha Koltsevaya, o design é tema desta estação luxuosa que reflete belamente os jardins botânicos próximos da Universidade Estadual de Moscou. Com imponentes colunas brancas decoradas com belos frisos de relevo de cerâmica, grandes candelabros e um piso de xadrez preto e cinza, Prospekt Mira evoca simultaneamente a arquitetura imperial grega e russa.

Dostoyevskaya

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Dostoyevskaya

Um para fãs literários, esta estação recém-aberta na Linha Lyublinsko-Dmitrovskaya é nomeado em homenagem ao autor, Fyodor Dostoyevsky, e exibe vários murais impressionantes.  Komsomolskaya (Комсомо́льская retratando cenas de suas obras mais famosas. E uma estação toda em preto e branco, moderna vale muito a visita.

O museu da grande guerra patriótica (Museum of the Great Patriotic War) é um museu de história que retrata a versão russa sobre a Segunda Guerra mundial, localizado em Moscou em Poklonnaya Gora.  Eu quis economizar e não contratei um guia e me arrependi. Não tem a opção de contratar áudio guides em inglês e todas as placas para explicar as obras e peças históricas estão em russo. Apenas me restou ver o museu e tentar adivinhar o que estava escrito em russo.Como o material histórico é muito rico consegui aprender muito no museu.  Logo na entrada você já se impressiona com o imponente Hall dos comandantes, em ver tanques de guerra soviéticos, aviões e morteiros usados no confronto, e uma gama enorme de armas usadas na segunda guerra. Pude vislumbrar o vestuário dos soldados da Sibéria e do exército vermelho. Incrível. O museu é enorme eu gastei praticamente a tarde toda para visitar suas salas de exibições. O monumento em mármore branco que homenageia todos os soldados e civis que morreram no conflito é de uma beleza monumental.  Uma das salas retrata o centro de operações de Stalin e seus generais. Uma visita muito rica para quem gosta de história. Imperdível.

 

10 Atrações imperdíveis de Moscou/

Top ten Moscow

-Red square, a praça vermelha

-Kremelin

-Biblioteca do Lenin

-Catedral de são Basílio

-Teatro Bolshoi

-Gork park

-Galeria tretyakov

-Catedral de Cristo salvador

-Jardim de Alexandre

-Museo Great patriotic war

-Café Pushkin